Leia nossa análise detalhada de “Lucifer II”, o segundo álbum da banda Lucifer. Explorando a evolução sonora do grupo, destacamos as faixas mais marcantes e discutimos o impacto do álbum no cenário do rock contemporâneo. Ideal para fãs de Coven, Black Sabbath, Ghost, Deep Purple e Blue Oyster Cult.
Introdução
A banda Lucifer, formada em Berlim em 2014 pela vocalista Johanna Sadonis, rapidamente se destacou no cenário do heavy metal com o lançamento de seu álbum de estreia “Lucifer I” em 2015.
Após mudanças significativas na formação, Sadonis se uniu ao multi-instrumentista Nicke Andersson (Entombed, The Hellacopters) para reinventar o som do grupo.
Com a adição de Martin Nordin e Linus Björklund nas guitarras, e Harald Göthblad no baixo, o quinteto baseado em Estocolmo lançou “Lucifer II” em 2018.
Este segundo álbum marca uma evolução significativa na sonoridade da banda, mesclando influências do rock dos anos 70 com uma abordagem contemporânea.
“Lucifer II” não apenas consolida a identidade sonora do grupo, mas também reforça sua capacidade de criar faixas cativantes que transitam entre o doom de Black Sabbath e a melodia de Fleetwood Mac.
Aspectos Técnicos de “Lucifer II”
“Lucifer II” apresenta nove faixas que somam aproximadamente 41 minutos de duração, abrangendo desde baladas introspectivas até empolgantes e pesados hinos de rock.
Este álbum foi gravado em alta resolução de áudio (24-bit / 88K HD) no estúdio The Honk Palace, em Estocolmo, e foi mixado por Ola Ersfjord, conhecido por seu trabalho com Tribulation e Primordial, no Cuervo Recording Services, em Madrid. A masterização foi realizada por Magnus Lindberg no Redmount Studios.
O álbum inclui contribuições vocais adicionais de Rudolf De Borst na faixa “Dancing With Mr. D”. A arte do álbum, bem como a direção artística, ficou sob a responsabilidade de Johanna Sadonis e Nicke Andersson.
“Lucifer II” foi lançado em 6 de julho de 2018 pela Century Media, em formato CD. É importante mencionar que o disco foi lançado no Brasil em 2024, pelo selo Shinigami Records em parceria com a Century Media Records.
O álbum destaca-se por sua produção analógica, que visa capturar a autenticidade e a energia do rock dos anos 70, evitando a polidez excessiva das produções modernas.
O que Johanna Sadonis diz de “Lucifer II”?
“Lucifer II” representou uma nova fase para a banda de hard rock baseada em Estocolmo, Suécia. O álbum trouxe uma mudança significativa na sonoridade do grupo.
Johanna Sadonis, vocalista e fundadora da banda, comentou sobre essa transição: “Acho que este novo álbum se aprofunda ainda mais nas caixas de discos dos anos 70 e se abre ainda mais. Há uma variedade de diferentes humores e músicas ali. Acho que ele se abre, espero, para mais pessoas. Para mim, certamente foi uma expansão”.
Essa mudança refletiu o afastamento do som mais sombrio do primeiro álbum, influenciado por Gaz Jennings do Cathedral, para uma direção mais alinhada com a visão original de Sadonis para o Lucifer.
Com apenas Sadonis permanecendo da formação original, “Lucifer II” trouxe uma nova dinâmica à banda, tanto em termos de composição quanto de execução musical.
Nas palavras dela: “Talvez eu possa dizer que é diferente do primeiro álbum do Lucifer, que foi escrito com Gaz Jennings, do Cathedral. Tinha um som muito particular. O novo álbum, que foi escrito com Nicke e eu, está ainda mais alinhado com o que era minha visão original do Lucifer. Estou muito animada.”
Nosso Review de “Lucifer II”
“California Sun”, a abertura deste “Lucifer II”, segundo capítulo da discografia do Lucifer, banda alemã formada em 2014 das cinzas do The Oath, mostra que algo está diferente no occult rock formulado pela banda.
De cara, já percebemos como as guitarras estão mais vivas, dinâmicas e inflamadas, cortesia de Nicke Andersson, o mentor intelectual desta onda vintage rock, com seus companheiros de Hellacopters e Imperial State Electric.
O poder dos riffs melódicos e do groove clássico advindo das raízes do blues (confira “Dancing With Mr D”) estão intactos neste “Lucifer II”.
Assim como as referências a Black Sabbath (“Reaper On Your Heels”), Deep Purple e Blue Öyster Cult (“Phoenix” é um exemplo, e uma das melhores do disco) no que tange ao clima e peso; ao Steppenwolf se olharmos para o espírito destas novas nove faixas; e até Heart e Fleetwood Mac (ouça “Before the Sun”) na grandiloquência cativante das melodias.
O tempero psicodélico também está presente em “Lucifer II”, como nos revela a segunda faixa, “Dreamer”, que soa como uma mistura de Black Sabbath com Jefferson Airplaine.
Psicodelia principalmente advinda dos vocais sirênicos vocais de Johanna Sedonis, uma mistura de Siouxie Soux e Liv Kristine, nos remetendo à abordagem do Ghost, só que com uma papisa e sem os teclados eclesiásticos, numa formatação mais austera, como descrito nesta resenha para o primeiro disco do Lucifer.
Se comparado a “Lucifer I” as composições de “Lucifer II” continuam “construídas sobre melodias sombrias, mudanças pontuais de andamentos e arranjos bem sacados”, recheadas de psicodelia melancólica clima viajante, estruturadas na simplicidade do bom e velho rock clássico, por vezes flertando com o pop rock das décadas de 1960 e 1970.
Todavia, o que poderia ser uma fórmula desgastada, é renovada mais pela força e intensidade do que pela originalidade.
E esta simbiose de força e groove é possível pela herança de Gaz Jennings, guitarrista substituído por Nicke Andersson (que também tocou bateria no disco), que agora divide as seis cordas (ele também tocou bateria e produziu o álbum ao lado de Johanna Sadonis) com Robin Tidebrink.
Se Nicke detém o poder de conjurar as formas mais cativantes do proto metal, Gaz Jennings trazia na bagagem a alquimia doom desenvolvida por anos na banda Cathedral, e que foi marcada à ferro e fogo na identidade do Lucifer.
Essa fricção de abordagens gera momentos poderosos como na ótima “Eyes In The Sky” e “Aton”, dois dos destaques de “Lucifer II”.
Além disso, as nuances psicodélicas já não são tão simples, tendo espaço bem delineado na sonoridade, simplesmente para conferir a lisergia que amplifica o contraste da crueza das guitarras com o aveludado da seção rítmica e da voz de Johanna Sedonis.
Sem dúvidas, o Lucifer é uma banda que deu salto gigante do primeiro para o segundo trabalho, numa destreza sombria do rock que soa sempre obscura e nunca exagerada.
As 3 Melhores Faixas de “Lucifer II”
Entre as faixas de “Lucifer II”, as três que mais se destacam como os pilares que sustentam o álbum são:
- “California Son”: Abre o disco com um riff cativante e um ritmo contagiante, evocando influências setentistas de bandas como Deep Purple e Uriah Heep. É uma faixa que mostra a confiança e a evolução da banda, estabelecendo o tom para o restante do álbum.
- “Dreamer”: Uma joia onde o talento vocal de Johanna Sadonis brilha intensamente, conduzindo uma balada poderosa que equilibra melodia e emoção, destacando a maturidade musical do grupo.
- “Dancing With Mr. D”: Um cover dos Rolling Stones que recebe uma interpretação única, mesclando o misticismo e a malícia característicos do Lucifer, transformando a faixa em um dos momentos mais memoráveis do álbum.
Conclusão
“Lucifer II” representa um passo significativo na evolução do Lucifer, combinando o melhor do rock dos anos 70 com uma abordagem contemporânea.
A voz poderosa de Johanna Sadonis, juntamente com a produção refinada e as composições sólidas, faz deste álbum uma obra marcante.
Faixas como “California Son”, “Dreamer” e “Dancing With Mr. D” mostram a versatilidade e o talento da banda.
Para fãs de hard rock que apreciam autenticidade e inovação, “Lucifer II” é uma audição essencial.
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