Aske – Review de “Vol II” (2023) – Black Death Metal Nacional

“Vol II”, o segundo álbum da banda brasileira de black metal Aske, surpreende com uma sonoridade que une brutalidade e sofisticação. Lançado em 2023, o disco explora temas sombrios com técnica e intensidade, consolidando o Aske como destaque na cena nacional. Neste texto vamos analisar este trabalho.

Introdução

O duo brasileiro de black metal Aske, originário de São Carlos, São Paulo, voltou a surpreender com seu segundo álbum de estúdio, Vol II, lançado em 2023.

Formado em 2009, o Aske carrega uma trajetória de resistência e originalidade no cenário underground, com um som enraizado no black e death metal, enriquecido por letras de teor anticristão e niilista.

Ao longo dos anos, a banda evoluiu, saindo de um black metal mais cru, como no álbum de estreia “Once” (2015), para uma abordagem mais plural e complexa em “Vol II”.

O novo disco representa o ápice de uma década de trabalho, consolidando o Aske como um dos nomes promissores da cena nacional.

Ao longo deste artigo texto quero analisar este trabalho da banda Aske.

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Apresentando “Vol II”, da banda Aske

Lançado em setembro de 2023, “Vol II” é o segundo álbum de estúdio do Aske, composto por dez faixas que somam pouco mais de 37 minutos de intensidade e peso característicos do blackened death metal.

O álbum conta com Filipe Salvini nos vocais e baixo e Lucas Duarte na guitarra, além da colaboração do baterista Thierry Dettmer para as gravações.

Produzido e mixado por Eugenio Stefane, o disco foi gravado entre 2021 e 2022 no estúdio 1979, localizado em São Carlos, São Paulo.

A distribuição ficou a cargo do selo Eternal Hatred Records, com apoio da Sangue Frio Produções.

A arte da capa reflete o espírito sombrio e transgressor do Aske, marcando o álbum como uma contribuição significativa ao cenário nacional de metal extremo.

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O que eles dizem sobre o disco?

“Manter o Aske como um duo nestes anos foi a melhor forma para estarmos 100% focados em compor um disco”, comenta Filipe Salvini, vocalista e baixista do Aske em entrevista ao site metaladdicts.com.

Ele destaca que a falta de pressão externa e a liberdade criativa permitiram que o álbum “Vol II” alcançasse sua identidade única.

Agora, com a chegada do novo baterista Fernando Turi, o Aske finalmente retorna aos palcos para apresentar ao vivo a força de suas novas composições. “Direcionamos nossa música ao seu caminho lírico, e estamos prontos para mostrar nosso trabalho ao vivo com uma formação à altura”, completa Salvini.

Nosso Review de “Vol. II”, da banda Aske

Em “Vol II”, o Aske expande os limites do seu black metal com um álbum que vai muito além das convenções do gênero.

Desde a faixa de abertura, “Sinner”, percebe-se a intenção do duo em trazer oxigenação a uma sonoridade marcada pelo peso e atmosfera sombria. O riff inicial é cadenciado e envolvente, rompendo com a ideia de um black metal estritamente cru e direto.

A faixa seguinte, “No Soul to Sell”, adiciona nuances de thrash metal à musicalidade, especialmente nas passagens aceleradas e nos riffs precisos. Alguns momentos de thrash épico que remetem ao Slayer, mas também passagens melódicas que lembram o death metal europeu.

Já com “Music Knows No Allegiance”, o Aske reforça a modernidade de seu blackened death metal. A faixa mergulha nas influências do metal extremo contemporâneo, alternando entre trechos densos e uma abordagem mais direta, mas sem abandonar o peso dos trêmulos característicos do black metal, de bandas como Watain, mas que mantêm uma identidade própria.

“Represente Satanás”, cantada em português, trará o black metal de volta às suas raízes nacionais, como um tributo não só ao gênero (pelas referências óbvias bandas a clássicas como Venom e Bathory), mas também ao nosso legado dentro dele (pela vibração agressiva puramente brasileira do Vulcano e do Sarcófago). Até por isso, a pegada black ‘n’ roll aqui não soa estranha.

Seguindo pelo repertório sombrio e pesado, “The Origins of Satan” chega como um dos ápices do álbum. Com muita maturidade a faixa se desenvolve de forma épica e crescente, revelando uma versatilidade sonora que poucas bandas do gênero alcançam. As linhas vocais sombrias e hipnóticas dão certa dramaticidade quase teatral que arrepia.

A força dos riffs de “Royalist”, sustentados pelo rítmico marcado e belicoso, traz um pouco do doom metal para o jogo musical da banda que aqui se desenha pelo death metal que me lembrou algo de bandas como Behemoth, pela forma com que desenha peso mastodôntico, sombras abissais e velocidade controlada.

“A Bruxa e o Cardeal” se destaca não só pelo título instigante, mas pela letras que fala sobre a Inquisição e a caça às bruxas de forma poética e pela linha de guitarra, com os tradicionais tremolos e solos bem elaborados, que junto as letras dão uma tridimensionalidade imersiva à música, que me lembrou algo do Dissection, Necrophobic e até do Watain.

Caminhando para a parte final do trabalho, “Eva (Tears from Sodom)” retoma a veia doom metal mesclada ao thrash metal do Sodom, pelos riffs cortantes e uma linha vocal desesperadamente agressiva – se é que isso é possível, enquanto “The Woodcutter” trará passagens melódicas e sombrias que nos levarão ao desfecho obscuramente épico de “Pazuzu (Lost into a Valley of Rot)”, um dos grandes momentos do trabalho, quase como um resumo de tudo o que ouvimos ao longo das faixas.

O excelente resultado final se deve em grande parte pela produção, muito pela forma orgânica e cristalina com que desenha os timbres de guitarra e baixo, nos permitindo ouvir seus desenho melódicos com nitidez, mesmo nos momentos mais pesados e intensos.

No geral, “Vol. II” impacta pela versatilidade e até por um certo experimentalismo, desenvolvidos com maturidade e baseados no atrito de influências clássicas e modernas que gera uma musicalidade muito própia, mas com referências óbvias e muito bem vindas.

Com isso, o duo paulista se mostra eficiente em criar uma forma de black metal imersa em alta carga emocional e atmosferas bem conjuradas, não apenas agressiva e sombria gratuitamente, guiada por uma dança técnica e criativa entre o baixo e a guitarra, que por vezes, reforçam os aspectos melódicos, sem retirar um grama de peso.

Em suma, o Aske nos dá uma fusão do peso sombrio do black metal com a técnica e versatilidade do death metal pelo fogo do metal extremo nacional e resfriado pelos climas e atmosferas no black metal escandinavo.

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Top 3: As três melhores faixas de “Vol. II”, do Aske

Entre as faixas mais marcantes de “Vol II”, na minha visão, as três melhores são:

  • “Sinner” – se destaca pela abertura cadenciada e pela atmosfera densa que define o tom do álbum;
  • “Represente Satanás”- uma mistura de black metal tradicional com elementos de black ‘n’ roll, e uma letra em português que se torna ainda mais visceral ligada à herança do metal nacional;
  • “The Origins of Satan” – combina a energia brutal do black metal com um toque de sofisticação nos arranjos, mostrando a habilidade da banda como compositores.

Conclusão

“Vol II” marca um ponto alto na trajetória do Aske, consolidando o duo como um dos nomes mais talentosos do black metal brasileiro. Combinando brutalidade e sofisticação, o álbum demonstra um equilíbrio raro entre tradição e modernidade, explorando temas sombrios com técnica apurada e uma produção cuidadosa.

Cada faixa carrega uma identidade própria, mantendo o ouvinte imerso em uma experiência intensa e profunda. Para quem busca um mergulho no universo do blackened death metal, “Vol II” é uma jornada imperdível.

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