“DEATHinitive Love AtmosFEAR”, da Tellus Terror, combina influências pelo atrito de melodia e brutalidade em um álbum que destaca a maturidade da banda dentro do metal extremo sinfônico, apesar de momentos de complexidade excessiva.
Introdução
A banda Tellus Terror dá um novo passo em sua carreira discográfica após dez anos do lançamento de “EZ Life DV8” (2014), seu ótimo primeiro disco de estúdio, com “DEATHinitive Love AtmosFEAR”, seu segundo full lenght. Um novo disco, uma proposta amadurecida e uma banda renovada conceitualmente, musicalmente e tecnicamente.
Já pelas fotos promocionais podemos perceber a evolução da Tellus Terror, principalmente no amadurecimento do conceito estético vinculado ao death/black metal de apelo sinfônico, que dialoga de forma muito própria com bandas incônicas como Dimmu Borgir, Cradle of Filth e Septicflesh.
Apostando no atrito de opostos entre o belo e o feio, o sofisticado e o decadente e a luz com a escuridão, a Tellus Terror apresenta um conceito que aprofunda nas perurbações modernas da mente humana para criar as composições de “DEATHinitive Love AtmosFEAR”, disco que tem um pronunciada aura gótica (no âmbito mais clássico-literário do que propriamente musical, apesar de óbvias e esperadas interseções com o metal gótico) saiu em formato físico pelo selo Xaninho Discos.
Sem dúvidas, é um disco que merece atenção (que daremos à seguir, dissecando todos os aspectos deste trabalho) de um banda que tem no currículo shows importantes ao lado de nomes como Behemoth, Belphegor, Krisiun e Gangrena Gasosa. Cabe registro que desde 2023 a Tellus Terror é formada pelo vocalista Felipe Borges, a dupla de guitarristas Leandro Pinheiro e Lucas Bittencourt, o baixista Marcelo Val e o baterista Rafael Lobato.
Tellus Terror: Combinando melodias sombrias com a brutalidade do death metal
A banda Tellus Terror foi formada em 2012, no Rio de Janeiro, e rapidamente se destacou no cenário brasileiro do death/black metal sinfônico, principalmente pela força das composições do álbum “EZ Life DV8”. Revisitando as publicações impressas da época, são elogiosas as opiniões sobre o disco, por vezes destacando a criatividade dentro de um estilo que àquela época já parecia um tanto desgastado.
As citações às influências de Dimmu Borgir e Cradle of Filth eram comuns já naquela época, mas em alguns momentos me pareciam ser mais para situar o leitor da musicalidade da banda em uma era onde o streaming ainda não era tão disseminado, afinal a Tellus Terror já tinha uma identidade artística forte naquele primeiro disco.
Agora, dez anos depois creio que alguns nomes como Rotting Christ, Paradise Lost e Septicflesh podem ser adicionados ao rol de influências musicais que ouvimos no mais recente “DEATHinitive Love AtmosFEAR”, ao combinar melodias sombrias com a brutalidade do death metal.
O design gráfico do novo álbum chama a atenção novamente, e contribui fortemente para a identidade visual marcante da banda, que entrega letras bem escritas e músicas pensadas nos mínimos detalhes. Com uma produção sólida e arranjos sofisticados, “DEATHinitive Love AtmosFEAR” tem potencial para ser um dos grandes lançamentos do metal nacional neste ano.
As músicas de “DEATHinitive Love AtmosFEAR”
“DEATHinitive Love AtmosFEAR” abre de forma climática, criando uma atmosfera sombria pelas nunaces góticas de “Amborella’s Child”, a abertura que prende o ouvinte por não abrir mão do peso e insicividade do metal extremo numa musicalidade mais imersiva, algo que acontecerá também mais pra frente com a faixa título, que funcionará como um resumo da capacidade que a Tellus Terror tem de criar sua própria essência de um metal extremo mais acessível (no bom sentido).
Na sequência, somos atingidos pelos riffs pesados e pela aura densa das mudanças de andaments de “Absolute Zero”, uma composição que tem seus arranjos bem alicerçados nos cânones do death metal. Aqui já percebemos que estamos ouvindo um disco gravado por músicos extremamente hábeis, tanto na execução, quanto na construção das composições.
“Darkest Rubicon” chega como uma faixa que tem aquela energia primitiva do metal extremo, quase selvagem se comparada com a antecessores, principalmente pelos vocais viscerais. Uma dinâmica crescente de peso e brutalidade que é quebrada por um dos melhores momentos do trabalho: “Psyclone Darkxide”.
As três primeiras composições, aos meus ouvidos, giram em torno de influências de Dimmu Borgir, Cradle Of Filth, com toques aqui e ali de Rotting Christ e Emperor. Porém, “Psyclone Darkxide” me remeteu aos tempos em que as banda de black metal fizeram um espécie de fusão com a músical eletrônica e industrial, lembrando os bons momentos que nomes como Samael, Kovenant e Tidfall nos ofereceram, com peso, groove, timbres eletrônicos e frios mesclados ao calor do metal extremo.
E como dinâmica é a palavra de ordem no repertório deste disco, “Cry Me a River” chega quebrando tudo na sequência com blast beats e a pura organicidade do heavy metal. Sim, heavy metal, pois salvo pela bateria e pelos vocais, tudo aqui remete ao heavy metal.
Ou seja, temos uma versatilidade estética que aliada a maturidade dos compositores gera um disco envolvente pela eclética (dentro do heavy metal) paleta de elementos que usa para construir suas compoisções. No final do disco, por exemplo, teremos “Empty Nails”, uma faixa que explora a verve gótica do Sisters of Mercy pelo caminho aberto pelo Paradise Lost no disco “Icon”, mas de uma forma muito própria.
Tudo bem que o excesso de influências tira um pouco da homogeneidade da musicalidade em alguns movimentos, mas estes são momentos tão pontuais e as faixas são tão envolventes por si mesmas que ignorei este fato e só quis me divertir com um heavy metal bem feito. Além disso, eu acho que os momentos de maior complexidade instrumental e mudanças de andamentos podem não agradar alguns ouvidos. Porém, como apreciador de música progressiva, não estou apto a avaliar este impacto, afinal, aos meus ouvidos, quanto mais complexidade melhor. E se esta complexidade vier alternada de boas melodias e grooves como é o caso em “DEATHinitive Love AtmosFEAR”, melhor ainda!
Além destas faixas citadas, para quem aprecia seu metal extremo com um teor épico mais forte, eles dão “Lone Sky Universum”, uma composição interessante pelo dueto de vozes de extemo bom gosto, principalmente pelas linhas vocais femininas de Bertha Maria Marzall. Ela também aparece em “Brain Technology, Pt.2 (…and Humanity Have Feelings No More…)”, outra faixa que se destaca, desta vez pelo instrumental técnico e pela forma com que comprimem sentimentos tanto em letra quanto em música.
A produção de “DEATHinitive Love AtmosFEAR” é um fator positivo
A produção neste tipo de musicalidade é extremamente importante para o resultado final, pois ela pode ser o fator decisivo entre uma sonoridade grandiloquênte e cativavante ou uma versão caricata e pretensiosa de suas influências.
No caso de “DEATHinitive Love AtmosFEAR”, além da experiência dos músicos e sua capacidade como instrumentistas e compositores, a produção de Caio Mendonça, no Tellus Studio, foi o fator crucial para amalgamar texturas, timbres e abordagens mais pesadas com a organicidade certa para deixar tudo audível, mas ainda sim com alto poder de impacto.
Neste sentido, não é exagero dizer que a produção amplificou os pontos positivos da musicalidade e deu menos luz aos pontos negativos (como o excesso de complexidade técnica em momentos que pediam mais melodia ou a costura de várias inflências usadas ao mesmo tempo). Isso aliado ao fato da banda ser excelente na manipulação da dinâmica entre peso e melodia gerou um resultado impressionante em “DEATHinitive Love AtmosFEAR”.
“DEATHinitive Love AtmosFEAR” é um Álbum Conceitual
É importante mencionar que “DEATHinitive Love AtmosFEAR” é um álbum conceitual cujas letras, escritas por Felipe Borges, seguem as diversas fases da vida humana, desde o nascimento até a velhice, indo além da simples passagem do tempo, mas explorando aspectos emocionais de cada uma destas fases.
A faixa de abertura, “Amborella’s Child” aborda o amor maternal e o desespero de uma mãe. “Absolute Zero” fala sobre as paixões confusas da infância, enquanto “Darkest Rubicon” aborda a transição para o desejo carnal na adolescência. “Psyklone Darxide” reflete a luta entre amor e impulsos hedonistas na juventude. “Cry Me A River” explora o abandono e a dor do término de um relacionamento, e “Shattered Murano Heart” trata das segundas chances no amor.
Já na seguda metade do trabalho, “Abyssphere” segue a perspectiva feminina de uma relação tumultuada, enquanto “Brain Technology Pt.2” se desvia do conceito do álbum, continuando uma história de um trabalho anterior. “Sickroom Bed” retrata a depressão e o isolamento de um homem de meia-idade, enquanto a faixa-título, “DEATHinitive Love AtmosFEAR”, fala sobre um homem que aprende a amar novamente, mas com cicatrizes emocionais. “Lone Sky Universum” mostra a maturidade no amor, baseado em experiências passadas. Por fim, “Empty Nails” lida com a dor de um idoso que perde sua esposa e descobre infidelidades passadas, enfrentando a solidão e o desespero.
Por isso tudo, além obviamente da musicalidade que emoludra todo este conceito, este álbum é uma jornada emocional intensa, refletindo a complexidade das relações humanas e o impacto do tempo e das experiências na capacidade de amar e se conectar.
Conclusão
“DEATHinitive Love AtmosFEAR” é um álbum que mostra a maturidade e a evolução do Tellus Terror, destacando-se pela complexidade e sofisticação dos arranjos. Entre os pontos fortes, estão a produção sólida e as letras bem elaboradas. No entanto, a complexidade pontual e o excesso de referências podem prejudicar a coesão do trabalho como um todo, principamente quando falamos de um disco conceitual.
Pessoalmente, fiquei bastante impressionado com o que ouvi pensando em cada composição isoladamente, creio que várias delas possuem potencial de impressionar os gringos, principalmente “Psyclone Darkxide” e “Empty Nails” (estas duas certamente vão para minhas playlists pessoais). Só espero que não demore mais dez anos para ouvirmos o próximo disco da Tellus Terror.
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Você pode comprar o álbum ou escutar nas principais plataformas de streaming. Acesse os links abaixo para mergulhar na experiência sonora do Tellus Terror:
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