Vamos explorar “Time II”, a épica e aguardada segunda parte do mais aclamado álbum do Wintersun que mistura Melodic Death Metal com influências eruditas.
Introdução
Poucas bandas conseguem capturar a essência do heavy metal como o Wintersun. Vinda da Finlândia, a banda mistura elementos de Melodic Death Metal, Progressive Metal e Symphonic Metal, criando um som único e envolvente.
O álbum “Time II”, quarto trabalho de estúdio da banda, chega como sequência direta de “Time I”, lançado em 2012. Liderado por Jari Mäenpää, o Wintersun conquistou um público fiel que aguardou pacientemente os 12 anos que separaram os dois álbuns.
Mas será que o novo lançamento consegue manter o legado e atender às altas expectativas? Vamos tentar responder isso ao longo desta resenha de “Time II”, discos do Wintersun que chegou ao Brasil pela parceria entre os selos Shinigami Records e Nuclear Blast Records.
Detalhes Técnicos de “Time II”, do Wintersun
O aguardado “Time II”, lançado no dia 30 de agosto pela Nuclear Blast Records, é o quarto álbum de estúdio do Wintersun e a continuação de seu projeto conceitual iniciado com “Time I”, em 2012. O álbum reúne seis faixas que somam aproximadamente 48 minutos, mantendo uma estrutura coesa e uma abordagem musical que impressiona.
Produzido, mixado e masterizado por Jari Mäenpää, líder e fundador da banda, o disco reflete seu envolvimento minucioso em cada aspecto do processo criativo. Mäenpää também foi responsável por todas as guitarras, teclados, orquestrações, programações e vocais.
A formação do Wintersun se completa com Teemu Mäntysaari (guitarras), Jukka Koskinen (baixo) e Kai Hahto (bateria), mantendo o mesmo lineup que gravou “Time I”, mesmo com mudanças temporárias para apresentações ao vivo.
A arte da capa, que simboliza a harmonia entre o caos e a tranquilidade, foi criada por Cameron Gray, responsável também pelas ilustrações de “Time I”. O encarte, cuidadosamente elaborado, teve contribuições de Gyula Havancsák, que desenhou as páginas com as letras e créditos, e do fotógrafo finlandês Onni Wiljami Kinnunen, autor das fotos promocionais.
Gravado em um estúdio “semi-profissional” financiado por uma campanha de crowdfunding bem-sucedida, “Time II” é resultado de anos de trabalho meticuloso, beneficiando-se de recursos tecnológicos modernos que permitiram a realização da visão artística de Mäenpää.
O que o Wintersun diz sobre “Time II”?
Jari Mäenpää, mente criativa por trás do Wintersun, descreve “Time II” como uma jornada épica que transita entre luz e escuridão, explorando o universo, a energia e a própria experiência da vida.
Em entrevista ao site Arrow Lords of Metal, ele revela: “Sempre fui fascinado por melodias que evocam diferentes sentimentos. Este álbum combina paisagens tempestuosas com momentos de serenidade, misturando influências asiáticas e clássicas com a intensidade do metal extremo.”
Cada faixa do álbum aborda uma temática única, mas está conectada por uma “linha vermelha” que une o conceito de tempo às reflexões sobre vida e morte. Mäenpää explica: “A ideia central sempre foi entender o que é essa experiência chamada vida e como o tempo permeia tudo o que vivemos.”
Além de destacar a complexidade das orquestrações e dos coros, o o líder do Wintersun enfatiza o uso de instrumentos tradicionais como o erhu, que contribui para a atmosfera introspectiva de faixas como “Silver Leaves”. Ele completa: “Este álbum é detalhado e complexo, e cada audição revela novos elementos.”
Minha Resenha de “Time II”, do Wintersun
Foram doze anos de espera até a chegada de “Time II”. Claro que tivemos o ótimo “The Forest Seasons” (2017) neste ínterim, mas a expectativa pela chegada do sucessor de “Time” era grande, por causa da qualidade impressionante que ouvímos naquele disco de 2012.
Até por isso, “Time II” carrega a responsabilidade de dar continuidade ao legado iniciado com “Time I”. Essa segunda parte do projeto ambicioso de Jari Mäenpää se revela uma obra detalhada, que combina elementos virtuosos inerentes à identidade da banda com uma abordagem introspectiva e experimental.
Apesar de ser uma continuação conceitual, “Time II” apresenta características próprias que o diferenciam de seu predecessor, mostrando uma banda que evoluiu não só em aspectos temporais, mas em técnica e visão artística, mesmo enfrentando desafios tecnológicos e criativos ao longo do caminho.
Musicalmente, “Time II” destaca-se por suas orquestrações expressivas e uma produção que dividirá opiniões. Cada faixa funciona como uma peça de um quebra-cabeça maior, mas também possui identidade própria.
O uso de elementos da música asiática, como escalas exóticas e instrumentos tradicionais, confere ao álbum uma atmosfera única e própria, principalmente se comparada a “Time”. Mas mesmo com toda esta exploração e experimentação, existe um fio da meada melódico e estético que conecta e dá coesão a todo ao disco como um todo.
Um exemplo disso é “Silver Leaves”, onde o erhu, um instrumento tradicional chinês, cria texturas delicadas que contrastam com o peso das guitarras e a intensidade dos vocais. Essa combinação de opostos reflete a dualidade que permeia todo o álbum: luz e escuridão, caos e serenidade.
O conceito lírico de “Time II” é outro ponto forte. As músicas exploram temas universais como o tempo, arrependimento e renascimento, mas sem cair em clichês. Em sua maioria, as letras mostram a capacidade de Jari de transformar emoções pessoais em arte pura.
A estrutura do álbum também merece destaque. Com apenas seis faixas, “Time II” evita o cansaço dos discos longos (mesmo que duas delas ultrapassem os 10 minutos de duração), focando na qualidade em vez da quantidade. Cada música é uma experiência por si só, com variações dinâmicas que mantêm o ouvinte envolvido do início ao fim.
“Storm”, por exemplo, é um dos momentos mais intensos do álbum, com suas guitarras furiosas e batidas pesadas, enquanto evoca influências de Vivaldi e da música clássica. A faixa combina caos e melodia de forma magistral, refletindo o impacto de uma tempestade, tanto literal quanto emocional.
A produção, assinada pelo próprio Jari Mäenpää, é outro elemento que chama atenção. Embora, de fato, a mixagem seja excessivamente polida, ela permite que cada camada de som seja ouvida com clareza. As orquestrações, os coros e os instrumentos eletrônicos se entrelaçam com os elementos tradicionais do metal de forma equilibrada.
Além disso, o excesso de demonstrações de habilidade técnica não ofusca a carga emocional do álbum, que é palpável em faixas comoa já citada “Silver Leaves”, onde a melancolia dá lugar a uma sensação de aceitação e paz no final. Neste sentido, a produção foi clínica no limite de ainda permitir que este feeling não fosse prejudicado.
Comparado ao seu antecessor, “Time II” traz um tom mais introspectivo e experimental, com arranjos que desafiam as convenções do melodic death metal. Enquanto “Time I” parecia mais direto e enérgico, esta segunda parte investe em nuances e na exploração de atmosferas. Esse contraste mostra a evolução do Wintersun como banda e a visão de Jari como artista, disposto a expandir os limites do gênero sem perder sua essência.
Em suma, “Time II” não é apenas uma continuação de “Time I”, mas uma expansão de sua narrativa musical e conceitual. É um álbum que exige atenção e paciência, pois não é de tão fácil assimilação quanto os discos anteriores do Wintersun, mas que recompensa o ouvinte mais determinado a uma imersão de várias audições com uma experiência musal rica e multifacetada.
Top 3: Minhas músicas favoritas de “Time II”
1 – “One With The Shadows”:
Essa faixa, escrita originalmente em 1998, é uma das mais emocionais de “Time II”. A composição explora o tema do arrependimento, conforme descrito por Jari Mäenpää: “Você vive nas sombras enquanto não transforma o arrependimento em algo positivo para seguir com sua vida.” Musicalmente, a faixa oferece um equilíbrio entre a delicadeza dos arranjos e a intensidade do melodic death metal, criando de dinâmicas variadas permite que as emoções fluam de forma natural.
2 – “Storm”
Descrita por Jari como a faixa mais pesada e sombria do disco, “Storm” traduz em música o caos e a imprevisibilidade de uma tempestade. Inspirada em escalas clássicas e nas “Quatro Estações” de Vivaldi, temos uma combinação de riffs furiosos com uma bateria impiedosa, que mantém a energia em alta durante toda sua execução. Os contrastes entre momentos calmos e explosivos refletem o domínio técnico e criativo da banda.
3 – “Silver Leaves”
Encerrando o álbum, “Silver Leaves” se destaca pela inserção de instrumentos tradicionais como o erhu para criar uma atmosfera contemplativa. A faixa cria uma paisagem musical serana capaz de nos mergulhar em uma viagem emocional quase hipnótica. Jari descreveu a canção como uma metáfora para encontrar um estado de equilíbrio e apreciar as pequenas belezas da vida. A progressão gradual da música, de sons limpos a camadas densas de guitarras e orquestrações, faz dela um final brilhante para o álbum.
Conclusão
Após 12 anos de espera, “Time II” reafirma o compromisso do Wintersun em explorar os limites do heavy metal com criatividade, elegância e ousadia. O álbum apresenta uma jornada musical rica, misturando elementos de Melodic Death Metal, Progressive Metal e Symphonic Metal com influências culturais e clássicas que ampliam sua profundidade.
As faixas, cuidadosamente conectadas por um fio condutor temático, proporcionam uma experiência imersiva que exige atenção e convida à reflexão. Para os fãs, “Time II” representa a culminação de anos de paciência e dedicação, enquanto para novos ouvintes, é uma porta de entrada para o universo singular da banda.
Se você busca um disco que combina intensidade emocional, arranjos elaborados e letras significativas, “Time II” merece ser ouvido.
Leia Mais:
- Wintersun – “The Forest Seasons” (2017) | Um sinfônia invernal à moda heavy metal
- Os 5 Clássicos que Transformaram o Rock em Heavy Metal
- O que é Gothic Metal? Os 50 Discos Essenciais do Metal Gótico
- Thrash Metal: Os 11 melhores discos das bandas da Bay Area
- Rainbow: 5 discos da banda de heavy rock de Ritchie Blackmore
- O que é Black Metal? Os 50 Melhores Discos do Metal Negro
Outros Artigos que Podem Ser do Seu Interesse:
- Kindle Unlimited: 10 razões para usar os 30 dias grátis e assinar
- Os 6 melhores fones de ouvido sem fio com bateria de longa duração hoje em dia
- Edição de Vídeo como Renda Extra: Os 5 Notebooks Mais Recomendados
- As 3 Formas de Organizar sua Rotina que Impulsionarão sua Criatividade
- Camisetas Insider: A Camiseta Básica Perfeita para o Homem Moderno