Analisamos “Resurrection of the Flesh – Triumph of Death Live 2023”, o disco ao vivo que reverencia o legado do Hellhammer dentro do death e do black metal. Nesta resenha detalhada, exploramos como Tom Gabriel Warrior, o mentor intelectual da banda, ao lado de músicos experientes, revive os clássicos do metal extremo que influenciaram mais de uma geração do estilo.
Introdução
O suíço Thomas Gabriel Fischer pode ser pouco conhecido no mainstream, mas ele é um dos pioneiros e vanguardistas na história do heavy metal.
Criativo, inquieto, produtivo e desafiador, ele ajudou a dar contornos iniciais ao death metal com o Hellhammer, estabeleceu e rompeu padrões estéticos do metal extremo com o Celtic Frost, explorou as sombras do metal industrial no Apollyon Sun até chegar ao universal Triptykon, onde ele expressa todas as suas faces de uma vez.
Segundo ele, “o Hellhammer foi o experimento prototípico de todo o metal extremo. Nós alcançamos o que considerávamos o pináculo da extremidade musical com ele.” Esta banda suíça teve uma existência breve, mas significativa para o heavy metal.
Em resumo, o Hellhammer durou apenas dois anos e apesar de nunca terem tocado ao vivo na época, suas gravações, como as demos “Death Fiend”, “Satanic Rites”, e o EP “Apocalyptic Raids”, moldaram os contornos do que viria a ser conhecido como black metal e death metal.
O Celltic Frost, o grupo sucessor formado pelo membro fundador do Hellhammer, Tom Gabriel Fischer, tocava esporadicamente uma ou duas músicas do Hellhammer, e a atual banda de Tom Fischer , o já citado Triptykon, também tocava ocasionalmente uma ou outra música do Hellhammer. Porém, a obra do seminal Hellhammer, como um todo, permaneceu sem ser tocada ao vivo.
Décadas após sua dissolução, o espírito do Hellhammer foi revivido pelo Triumph of Death, uma homenagem idealizada pelo próprio Tom Gabriel Warrior. Contra todas as expectativas de uma reunião, Warrior decidiu levar ao palco as músicas que definiram um gênero, mas sem o peso de um retorno do Hellhammer. Neste caminho, o ano de 2023 marcou um momento significativo na história do metal extremo com o lançamento de “Resurrection of the Flesh – Triumph of Death Live 2023”.
Este disco ao vivo não é apenas uma coleção de músicas; é uma cápsula do tempo que nos transporta para a essência crua do death e black metal. Capturando a energia visceral e a atmosfera sombria de uma performance ao vivo. Neste artigo vamos dissecar este trabalho e a importância do Hellhammer para o heavy metal.
Hellhammer: Uma curta, mas influente jornada no metal extremo
A banda Hellhammer, inicialmente formada sob o nome Hammerhead em maio de 1982, logo mudou seu nome e começou uma trajetória que seria curta, mas de importância incalculável para o metal extremo, em especial o death metal.
Criada por Tom Warrior (Thomas Gabriel Fischer) e Steve Warrior após o fim de sua banda anterior, o Grave Hill, o Hellhammer deixou uma sombra de influência dentro do heavy metal que ecoa até os dias de hoje. Até por isso, o Hellhammer é reconhecida como uma das pioneiras do metal extremo, lado a lado com bandas como Venom e Bathory.
Na verdade, “o Hellhammer foi formado como um clone do Venom”, assumiria Thomas Gabriel Fischer, anos mais tarde. “Naquela época, basicamente a intenção era ser a a banda mais extrema do mundo. Queríamos chocar, apavorar as pessoas ditas normais e você só conseguia isso com música absolutamente brutal”, ele completa. Ou seja, usando as palavras de seu próprio criador, o Hellhammer era “brutalidade simples e nada mais”.
Do seu início humilde em Nurensdorf, na Suíça, em maio de 1982, eles ganharam um status mítico de ícone, apesar de existirem por apenas dois anos. No entanto, a banda deixou uma coleção de registros incluindo as três demos “Death Fiend”, “Satanic Rites” e “Triumph Of Death” (todas relançadas em 2008 na coletânea “Demon Entrails”), o EP “Apocalyptic Raids” e duas faixas na lendária compilação “Death Metal”.
À luz deste legado é impressionante que a banda nunca tenha tocado ao vivo!
Isso porque o Hellhammer teve uma existência breve, mas significativa. O único álbum, o EP “Apocalyptic Raids”, contém quatro faixas e é um exemplo vivo de um som sujo, repleto de microfonias, caracterizado por guitarras distorcidas, graves e pesadas, e vocais que lembram urros de filmes de terror. Entre essas faixas, “Triumph of Death” se destaca, não apenas pelo conteúdo, mas também pelo visual clássico dos primórdios death metal, adornado com correntes e vestimentas escuras.
O fato é que a musicalidade do Hellhammer tinha gerado uma personalidade brutal e radical, mas muito limítrofe para uma mente tão inquieta quanto a de Tom G. Warrior. Então, em meados de 1984, o ainda jovem Hellhammer era sepultado e das suas cinzas nascia o Celtic Frost.
Em entrevista à revista Roadie Crew, o vocalista assumiu que estava, à época, cansado da limitação que o Hellhammer impunha: “Claro que amávamos o que tínhamos feito, mas não suportávamos os grilhões, queríamos ir muito mais longe do que o Hellhammer nos permitiria. Mas não queríamos manchar a história e o legado que a banda tinha criado.” Segundo o próprio Thomas, o experimentalismo era parte da dupla que formava com Martin Eric Ain e o desejo de evoluir conflitava com o de preservar a fórmula do Hellhammer de forma genuína.
Ao contrário do que muitos pensam, não houve uma mudança de nome, pois o Hellhammer acabou em junho de 1984, e o Celtic Frost foi fundado no dia seguinte. Quando a banda acabou, sua reputação era basicamente criada em cima do EP “Apocalyptic Raids” (1984). Havia planos para um álbum de estúdio que se chamaria “To Mega Therion”, que já tinha algumas músicas preparadas e com títulos, como “Beyond the Beyond”, “Ride on the Wings of Sabbath”, “Defeat of the Serpent”, “Demon Entrails” e “Phallical Tantrum”.
Várias dessas músicas nem foram retrabalhadas para os discos do Celtic Frost e continuaram abandonadas naquele período da história. Nada mais natural para uma dupla de músicos que queria criar novas sonoridades e buscar novas fórmulas. “O Hellhammer não era o veículo apropriado para fazer isso. Bem, não sem destruir o passado”, declarou Thomas, que continuou: “a única alternativa era criar outra banda e deixar o legado do Hellhammer para a eternidade.”
O Renascimento de uma Lenda dos primórdios do Death e do Black Metal
O Possessed, ao meu ver, figuraria como um grupo que estabeleceu as bases do terreno onde seria erguido o death metal, ao lado do Hellhammer, do Celtic Frost, do Macabre e do Mantas, banda da qual emergiria o Death, a primeira que iria aglutinar todas as características daquilo que chamaríamos de death metal.
Ian Christe, no livro “Heavy Metal – A História Completa”, observa que: “Rascunhos brutos do death metal tinham sido rabiscados desde a aparição do Venom, em 1981, levando a uma fundação sólida no rock satânico mais habilidoso do Slayer e do Possessed. Em meados da década de 1980, ‘Death Metal’ foi uma uma música do Possessed e, numa compilação alemã de 1984, chamada ‘Death Metal’, tínhamos o mortífero Hellhammer em meio a um lamaçal de bandas europeias de speed metal.”
Tanto o Hellhammer quanto outras bandas ao redor do mundo orientaram sua música para uma fusão do thrash metal e do black metal da época, investindo em tempos ultra-rápidos, guitarras de afinação baixa e vocais guturais monstruosos. “Cultivado em fitinhas demo imundas decoradas com esqueletos, sangue e tripas, os primeiros negociantes do death metal sugeriam o mapa da caça ao tesouro aos ouvintes,” registrou Ian Christe sobre essa contribuição global no nascimento do death metal.
Ele ainda deu uma lista de nomes destas bandas que forjavam o death metal nessas fitas demo que rodavam pelo underground mundial, dentre eles, o Possessed, o Deathstrike (onde estava Paul Speckman, do Master), Sepultura e Sodom, além do próprio Hellhammer , que acabou em 1984.
A ideia de reviver o Hellhammer surgiu várias vezes entre Tom Gabriel Warrior e Martin Eric Ain. Esses diálogos foram alimentados pela reunião de ambos no renascido Celtic Frost na primeira década dos anos 2000, onde revisitaram as raízes musicais que os uniram originalmente. Esse retorno às origens semeou a fundação do Triumph of Death em 2014, formalmente estabelecida no outono de 2018.
Em 2019, Tom Gabriel Fischer afirmou que o Hellhammer nunca retornaria e nunca seria reformado. “É absolutamente impossível reformar uma banda tão intimamente ligada a um período muito específico e único no tempo. Mas a música do Hellhammer existe, e é um parte extremamente importante do caminho da minha vida e eu gostaria de tocá-la no palco antes da minha morte”, afirmou ele.
Mas o legado do Hellhammer foi mais forte e, mesmo que a banda não esteja reformada, podemos ter em mãos o primeiro lançamento ao vivo do Triumph of Death, “Resurrection Of The Flesh”, um registro ao vivo de sua obra tirado de de shows no festival Hell’s Heroes em Houston, nos Estados Unidos, no Dark Easter Metal Meeting em Munique, na Alemanha e no SWR Barroselas Metal Fest, em Portugal.
Resenha de “Resurrection of the Flesh – Triumph of Death Live 2023”
“Resurrection of the Flesh” não é apenas um título; é uma declaração de renascimento para a música do Hellhammer. As doze faixas presentes no repertório capturam a essência clássica da banda no âmbito técnico da música pesada contemporânea. Obviamente, a presença do mentor Tom Warrior liderando a formação do Triumph of Death manteve o poder estético, histórico e lendário destes clássicos.
A abertura com “The Third of the Storms (Evoked Damnation)” estabelece o clima do show: sombrio e intenso. A precisão com que Tom G. Warrior e sua banda atacam clássico, mantendo-se fiéis aos arranjos originais enquanto mergunlham-os nas timbragens modernas, é de impressionar e emocionar. As guitarras são poderosas, os riffs são executados com uma clareza que ressoa profundamente em um ambiente ao vivo.
Aliás, preciso aqui enaltecer a performance de Tom G. Warrior, impulsionada pela paixão e sustentada pela precisão, capaz de, mesmo após tanto tempo, executar as músicas do Hellhammer com a visceralidade e crueza que lhes são peculiares. Sua habilidade em recriar os guturais insanos desenhados na sua juventude é de causar espanto, principalmente em clássicos como “Maniac”, a já citada “The Third os the Storms” e, principalmente, na lendária “Triumph of Death”, uma faixa que continua capaz de arrepiar o mais malvadão dos headbangers.
O respeito que Tom Warrior teve ao longo das décadas com a obra do Hellhammer é notado por aqui também, afinal toda a performance remete ao som original da banda nos anos 80, sendo cada faixa executada de forma cuidadosae prestando total atenção aos arranjos e andamentos das músicas originais, como podemos ouvir em “Horus/Aggressor” (uma faixa que soa ainda mais pesada ao vivo), “Visions of Mortality” e, principalmente, a já citada “Triumph of Death” (aqui a fidelidade impressiona muito).
Um dos momentos mais poderosos do álbum é durante “Horus/Aggressor”, uma faixa que combina uma construção lenta com uma explosão de velocidade média, que é irresistivelmente pesada ao vivo. Esta faixa não apenas reafirma a habilidade da banda em capturar a essência das gravações originais, mas também destaca a dinâmica e a energia que só podem ser realmente apreciadas em uma performance ao vivo.
Apesar dos anos, ou melhor, das décadas, Tom Warrior demonstra uma energia inabalável no palco, revitalizando clássicos com uma vigorosa execução ao vivo que cria uma sinergia poderosa com um público que parecia sedento e à espera de poder conferir estas músicas ao vivo.
A qualidade de produção do álbum é brilhante. Cada faixa é capturada com uma nitidez que destaca a crueza e a energia bruta, essenciais ao gênero do metal extremo. Mesmo com toda a distorção, microfonia e barulhos inerentes à musicalidade do Hellhammer (como em “Decapitator”, onde se sobressai por seu baixo intenso e fuzzy, proporcionado por Jamie Lee Cussigh), todos os detalhes dos instrumentos estão nítidos e bem definidos. Lógico, isso no limite ao respeito à estética original da proposta do Hellhammer.
Por isso tudo, e pelo lançamento de “Resurrection of the Flesh” no Brasil pela Dynamo Records, este disco é obrigatório, seja você um fã do Hellhammer, ou não!
Conclusão
Em “Resurrection of the Flesh – Triumph of Death Live 2023”, Tom G. Warrior mostra como não apenas preserva o legado de Hellhammer, mas também como o revitaliza para os ouvidos modernos através de uma energia pura, que honra o passado pelo fogo da modernidade. Através de “Resurrection of the Flesh: Live, 2023”, ele não só celebra a história do Hellhammer, mas também reafirma seu papel crucial como um dos pioneiros do metal extremo e leva, enfim, estas músicas para o palco.
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